Em 2022 completamos 50 anos da demolição do conjunto habitacional Pruitt-Igoe, e desde então, transformamos muitas das ideias de como habitar em coletivo. Veja a seguir uma seleção de projetos habitacionais com implantações que valorizam o encontro e a vida em comunidade.
O Conjunto Habitacional Pruitt-Igoe, projetado por Minoru Yamasaki é considerado um dos grandes marcos da arquitetura modernista, com suas altas torres habitacionais inspiradas na Unité d'Habitation de Le Corbusier, que juntas somavam quase 3000 unidades, se propondo a atender quase metade do déficit habitacional sinalizado pelo poder público na década de 1950 em St. Louis nos Estados Unidos. Além do projeto arquitetônico inovador, o poder público também apostava em um convívio inter-racial em pleno período segregacionista nos Estados Unidos, envolvendo camadas carentes e vulneráveis da sociedade.
O declínio do projeto se deu desde a conclusão de sua construção, em 1955 e menos de 20 anos depois, em julho de 1972 era finalizada a primeira etapa de demolição do conjunto. De um lado, um projeto que colocava em prática todos os conceitos modernistas visando sanar grande parte do déficit habitacional da cidade, do outro um projeto que foi parcialmente construído, abrindo mão de seu paisagismo e espaços coletivos para economia de recursos, em meio a uma conjuntura segregacionista em um bairro periférico e pobre. Apesar do fracasso do Pruitt-Igoe não estar diretamente e unicamente ligado ao projeto de arquitetura, sua demolição significou não apenas o fracasso de um projeto de habitação pública, mas também a morte de toda uma era de projetos modernistas, principalmente habitacionais.
Desde então a arquitetura se propôs a projetar conjuntos habitacionais que se distanciaram dos ideais e conceitos modernistas, sem negá-los totalmente, buscando se integrar melhor ao seu entorno, tanto em relação à escala, quanto em relação a criação de espaços coletivos que possam promover encontros e a criação de comunidades. Veja a seguir uma seleção de projetos que têm diferentes implantações:
Em contraposição à antiga ideia moderna de edifícios isolados, ordenados lado a lado, algumas ocupações de lotes e quadras buscam se adequar ao espaço disponível, principalmente em cidades já saturadas onde há pouca área para expansão do tecido urbano, como é o caso do Edifício Llacuna / ARQUITECTURA-G que usa da geometria do lote para encaixar o edifício habitacional, aproveitando a esquina.
Já em cidades onde ainda há oferta de lotes para construção de edifícios novos, os lotes costumam ser pequenos e edifícios isolados e verticalizados são mais comuns. O Edifício Chiripa / PALMA, por exemplo, resolve sua implantação em um terreno pequeno garantindo a comunicação entre a vizinhança, sem se sobrepor às redondezas, respeitando o entorno e aproveitando ainda das vistas.
Uma ocupação também praticada no período pós-moderno foi a ocupação de quadras perimetrais, fazendo uma releitura do perímetro, buscando se integrar mais com a cidade. O Edifício Residencial na Ilha Saint-Denis / Périphériques Architectes - 22, por exemplo, ao mesmo tempo que aproveita para resgatar a esquina como marco para a cidade, também cria em sua implantação, espaços no térreo que sejam coletivos, em forma de pequenos pátios.
Um outro conjunto que também aproveita da ocupação perimetral de quadra é o Edifício Habitacional Bruz Utopia / Champenois Architectes que cria um grande pátio interno, coberto. Por estar localizado em um bairro menos adensado, pode remeter às megaestruturas pós modernas, sem perder, porém, a possibilidade de criar uma relação de proximidade e vizinhança entre seus moradores.
Por fim outro projeto que também relembra as megaestruturas, mas também em uma releitura já que é exclusivamente habitacional, é o Nuvens brancas / POGGI & MORE architecture, um conjunto de habitação de interesse social que mesmo sendo destoante de seu entorno, busca estabelecer contatos com a vizinhança a partir de varandas, aberturas e da dinâmica de sua fachada.